A Rádio Cidade volta a destacar em seu noticiário as condições de manutenção da praça Cesário Alvim, principal cartão postal de Caratinga. No ano passado, tratamos da grande presença de andarilhos e dependentes químicos que frequentavam a praça para se alimentar, usar álcool e drogas e até dormir. Além disso, o estado dos canteiros era precário, com plantas ornamentais e gramado sem cuidado. Os problemas apontados naquele período foram em grande parte solucionados a partir do empenho de setores da administração pública, como as secretarias de Meio Ambiente e Serviços Urbanos e de Desenvolvimento Social, além do apoio da Polícia Militar e membros de entidades da sociedade civil.
Praça antes da recuperação
Agora, outra questão chama atenção e gera polêmica: a utilização do espaço em frente à Catedral São João Batista para estacionamento de carros. Há muitos anos era possível contornar a praça também naquele local. Ao ser fechada a rua, a praça ficou maior e naquele ponto também recebeu pedras portuguesas, seguindo o padrão do piso de toda sua extensão.
Não é de hoje, porém, que frequentadores da Catedral usam a área para estacionar seus carros durante as missas. Há missas de segunda a sexta de manhã e à noite. Às quartas-feiras também há celebração às 15h. No sábado, a missa é somente à noite e no domingo são três missas de manhã e uma à noite. Além dos carros serem dispostos em cima da praça, em frente à igreja, nestes horários, o uso acaba se estendendo para outros períodos. A igreja tenta controlar a entrada com corrente e cadeado, mas nem sempre é suficiente para evitar o abuso.
O resultado é um piso quase totalmente danificado. Além do aspecto estético gritantemente destoando do conjunto da praça, os pedestres também correm risco, principalmente idosos e deficientes, diante de tanto buraco e pedra solta. O fato é notado e criticado tanto por quem caminha pelo local, quanto por quem vê, mesmo passando de carro nas proximidades. Surgem duas questões principais: o espaço é praça ou estacionamento? A autonomia, direito de uso e responsabilidade de manutenção cabem à Igreja ou à prefeitura?
Nesta segunda-feira (26) damos início a uma série de matérias sobre o tema. Hoje, conversamos com a diretora do departamento do Patrimônio da prefeitura de Caratinga, Lourdes Rodrigues, que também é membro do Conselho de Patrimônio Histórico e Cultural de Caratinga há vários anos. Lurdinha fala sobre a autonomia do conselho para regulamentar e fiscalizar o uso desses espaços e informa que providências estão sendo tomadas para recuperar o piso da praça e disciplinar melhor seu uso.
Em conversa preliminar com nossa reportagem, o pároco da Catedral, padre Moacir Nogueira, disse que a igreja precisa daquele espaço para os fiéis durante as missas. Ele também defende que não são os carros dos paroquianos que têm danificado o piso, mas uma obra da Copasa. Padre Moacir, que também será ouvido pela reportagem, afirma que irá buscar documentos com Monsenhor Raul Motta, ex-pároco e vigário geral da diocese, que tratam da utilização daquele espaço pela igreja.
É bom esclarecer que a recomposição do piso após o término da intervenção da Copasa foi feita pela própria prefeitura. A Copasa explicou em nota para a Rádio Cidade que a vala foi aberta em agosto de 2016 para correção de um vazamento na rede de distribuição de água tratada. A recomposição da área foi feita pela prefeitura naquele mesmo mês. A Companhia aproveitou para informar que todas as recomposições de pavimento após obras de manutenção de água e esgoto, entre outubro de 2015 e abril de 2017, foram executadas pela prefeitura, por meio de um convênio de cooperação.
O debate continua e agora esperamos ouvir a posição da igreja sobre o que deve ser feito para evitar a destruição do piso da centenária praça Cesário Alvim. Estaremos ouvindo também autoridades de trânsito e especialistas da área jurídica sobre o direito de uso do espaço público. Além, claro, da opinião da população em geral. Acompanhem conosco o andamento dos levantamentos nas próximas edições do JORNAL DA 89 e pelos nossos canais na internet.