Corte de 70% das turmas de educação integral em Minas deixa crianças carentes com fome e expostas aos riscos das ruas

Mulher aparentemente com problemas mentais perambula pelo Bairro Limoeiro

Corte de 70% das turmas de educação integral em Minas deixa crianças carentes com fome e expostas aos riscos das ruas

No último dia 12 a Rádio Cidade deu destaque ao corte promovido pelo Governo de Minas nas turmas de educação integral do ensino fundamental em todo o Estado. Cerca de 81 mil alunos que se beneficiavam deste modelo que amplia o tempo de permanência na escola, ofertando uma série de disciplinas extracurriculares, retornam para o modelo tradicional de meio período. Somente na região da 6ª Superintendência Regional de Ensino, sediada em Caratinga e composta por outras 23 cidades, o número de turmas da educação integral cairá de 29 para apenas 12. Milhares de famílias e profissionais da educação que aguardavam o início das aulas no próximo mês de maio, com jornada ampliada de 7h às 17h, estão frustradas.

Uma das metas do Plano Nacional da Educação (PNE) prevê oferta de educação integral em ao menos 50% das escolas públicas até 2024. Minas já havia atingido o percentual de 45% e, agora, regride para 13,8%. Não bastasse a queda na qualidade do ensino, na contramão do PNE, o corte da educação integral também coloca em risco a segurança alimentar. Muitas famílias de comunidades pobres e vulneráveis contam com a escola para alimentar seus filhos. Nos dia de aula eles se alimentam regularmente com arroz, feijão, legumes e carne. No café há até frutas. Com o fim da jornada ampliada, ao voltarem para casa após meio período escolar, várias crianças não terão acesso a alimentação adequada. O Bolsa Família não é suficiente para custear todas as necessidades básicas.

Outro reflexo negativo é a segurança das crianças. Com pais trabalhando fora ou sem atividades esportivas e educacionais que preencham seu tempo quando não estão na escola, o lugar mais comum e convidativo é a rua. Ao invés de estarem em um ambiente seguro e de aprendizado, estes meninos e meninas estarão expostos, a partir de maio, a todo tipo de risco que a rua oferece.

Nesta quarta-feira (17) a diretora da 6ª Superintendência Regional de Ensino, Landislene Gomes, e a diretora Pedagógica Simone Camila Corrêa de Paula falaram sobre o impacto da medida na região.

Landislene Gomes e Simone Camila

 

A educação integral está confirmada, em Caratinga, para cinco turmas da Escola Estadual Professora Maria Fontes, no distrito de Santa Luzia, e para duas turmas da Escola Estadual Manoel Cordeiro Lúcio, no distrito de Cordeiro de Minas. Como informado na entrevista que você acabou de ouvir, não haverá mais educação integral para turmas do ensino fundamental da Escola Estadual Dom Carloto, que funciona no bairro Esplanada.

Outras dez escolas nos demais municípios da 6ª SRE permanecerão no programa. Elas estão localizadas nas cidades de Alvarenga, Entre Folhas, Iapu, Inhapim, Ipaba, São João do Oriente, Santa Rita de Minas, Tarumirim e Taparuba.

Segundo o Governo do Estado, estas escolas se enquadraram nos níveis I, II ou III do Indicador de Nível Socieconômico, apontando grau relevante de vulnerabilidade social.

Mulher aparentemente com problemas mentais perambula pelo Bairro Limoeiro

Quantas vezes passamos por moradores de rua e mal os notamos. Homens e mulheres jovens, senhores e senhoras de mais idade. Em muitos casos, o fato de se tratarem de adultos não significa que sejam capazes de se defenderem, procurarem abrigo, comida ou algum tipo de auxílio. Não é raro portadores de distúrbios mentais fugirem de abrigos, hospitais ou de suas casas. Eles costumam tomar rumo incerto, sujeitos a situações de risco como assalto, estupro ou acidentes de trânsito.

Nos últimos dias, uma mulher negra está sendo vista perambulando pelas ruas do bairro Limoeiro, em Caratinga. Ela é negra, tem cerca de 50 anos e aparenta ter problemas mentais. Como não sabe ao menos dizer como se chama ou de onde veio, nossa reportagem entrou em contato com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Segundo funcionários do órgão, uma abordagem já havia sido feita e a senhora se negou a aceitar auxílio. Como as assistentes sociais não podem conduzir as pessoas sem o consentimento delas, a senhora continuou na rua.

Maria de Lurdes mora no bairro Limoeiro e é uma das pessoas que se sensibilizou com o caso. Ela chegou a oferecer abrigo na noite de ontem:

 

O dono de uma mercearia do mesmo bairro informou que uma suposta filha teria aparecido hoje de manhã, acompanhada do marido e um filho, mas que também não teria conseguido convencer a senhora a acompanhá-la. Ele contou ainda que ouviu dizer que filhos dela, que moram Ipatinga, estariam vindo a Caratinga para tentar levá-la pra casa. O CREAS ainda não identificou quem seriam seus familiares.

Caso você se depare com situações como esta e se disponibilize a ajudar, basta ligar para o CREAS no telefone 3329-8098.