Desde a sexta-feira (24), mineiros e capixabas vivem momentos de apreensão devido às fortes chuvas que atingem os dois estados. No Sul do Espírito Santo, mais de dez mil pessoas estão desabrigadas e nove, incluindo duas crianças, morreram desde que as fortes chuvas que começaram no dia 17 de janeiro. Os números em Minas Gerais também são desoladores. A Defesa Civil Estadual confirma, até o momento, 47 mortes, registradas entre sexta-feira (24) e domingo (26). Dezoito pessoas continuam desaparecidas. A maior parte das ocorrências está relacionada deslizamentos e soterramentos. Nesta segunda, subiu para 101 o número de cidades mineiras em situação de emergência.
Caratinga não foi a cidade mais afetada pelos altos índices pluviométricos das últimas horas, resultado de um fenômeno que provocou a formação de um ciclone no mar que empurrou nuvens carregadas para o Sudeste. Ainda assim, os moradores viveram horas de tensão que trouxeram a lembrança das cheias trágicas de 2003 e 2004.
A Defesa Civil continua monitorando o clima e atendendo chamados na sede do município e na zona rural. Só na última noite foram vinte deslizamentos de pequena proporção na área urbana. Nesse domingo (26), o órgão esteve no distrito de Santo Antônio do Manhuaçu, que está alerta quanto à elevação do Rio Manhuaçu, que passa pelo distrito. A orientação é que as pessoas que moram na Travessa José Olímpio, Vila Aquines Corrêa Maduro e ruas Campo, Severiano Claudino e Waldemar Alcino, além das áreas já alagadas, deixem suas residências e busquem abrigo em casas nos pontos mais altos.
João Henrique, da Defesa Civil, explica por que houve preocupação com o distrito de Santo Antônio do Manhuaçu
Um dos pontos mais críticos do município é a Ilha do Rio Doce, que faz divisa com Ipatinga e está à margem do Rio Doce. Inundações naquela localidade são recorrentes, mas, desta vez, todas as casas foram alagadas. Do total de cerca de mil moradores, 250 estão desabrigados. Os demais estão nos andares superiores de suas residências. O secretário de Desenvolvimento Social Aluísio Palhares explicou que medidas estão sendo tomadas.
O secretário de Desenvolvimento Social relacionou os locais onde foram registradas as principais ocorrências na zona urbana de Caratinga.
Os desabrigados da sede de Caratinga estão na Funcime, e a creche Neir Mendes também está pronta para receber quem for preciso.
Segundo Aluísio, a principal necessidade, nesse momento, é comida pronta e alguns produtos de indispensáveis a certas pessoas, como medicamentos.
Desde que caiu a primeira chuva mais forte, na noite de sexta-feira (24), a Defesa Civil atendeu 233 ocorrências. Agora que a chuva cedeu um pouco, o órgão recebeu várias ligações de pessoas que queriam voltar logo cedo para suas casas. Fazer o alerta, tentar salvar as famílias, com auxílio dos bombeiros. Não há como agir no momento do alagamento. Na hora do alagamento é socorro. Tendência nas próximas 24h é que o leito volte ao normal. Cristiane Faria, da Defesa Civil, alerta que ainda não é seguro voltar para áreas de risco.
O comércio de Caratinga funcionou parcialmente nesta segunda-feira (27). Os estabelecimentos atenderam normalmente nas áreas distantes dos pontos de alagamento. Onde a água subiu ou onde havia risco de inundação, alguns lojistas optaram por retirar as mercadorias na noite de sexta e no sábado. Na manhã de hoje, estes lojistas estiveram ocupados com a limpeza e remontagem.
O número maior de lojas nesta tarefa de reorganização está na avenida Olegário Maciel. Os pontos comerciais no trecho entre a ladeira do hospital e o edifício Horácio Valentim, perto do ginásio CTC, trabalham desde ontem para voltarem a atender o público nesta terça-feira.
A gerente da loja Ortocrin, localizada neste trecho, Vanessa Pereira Costa, disse que o prejuízo foi pequeno, mas a tensão foi grande.
A gerente da loja Hering, Lady da Silva Batista, contou como foi a mobilização na noite de sexta-feira quando tiveram a notícia de que a loja poderiam ser atingidos pelo transbordamento do rio.
A limpeza deve ser finalizada nesta noite.
A diretora da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caratinga (CDL), Sandra Carli, falou hoje sobre a apreensão do fim de semana e a perspectiva de retomada completa das atividades.
Segundo Sandra Carli, a CDL pretende solicitar uma linha de crédito diferenciada para os lojistas de Caratinga afetados pelas chuvas.
Na tarde desta segunda-feira (27) a CDL emitiu comunicado para os comerciantes dizendo que eles poderiam voltar para suas atividades, já que a Defesa Civil descartou o risco de cheia nestes dias, no centro de Caratinga.
A Polícia Militar de Minas Gerais lançou nesta segunda-feira (27) uma campanha de arrecadação de donativos para ajudar as vítimas das chuvas na região. O 62° Batalhão de Polícia Militar de Caratinga pretende encaminhar donativos para as cidades afetadas em toda a área do batalhão, formada por 25 municípios.
De acordo com Tenente Fábio, todo tipo de doação é bem-vinda neste momento. Elas podem ser entregues na sede do batalhão e para os policiais que circulam as cidades nas viaturas.
Depois do recolhimento, o batalhão vai analisar a necessidade de cada município para distribuir os donativos.
A campanha é exclusiva da Polícia Militar, nenhum civil está autorizado a arrecadar donativos em nome da instituição.
O 62° Batalhão de Polícia Militar de Caratinga fica na Rua Professor Colombo Etiene Arreguy, número 149, no Bairro Aparecida.